Clarice Palma
BIOGRAFIA & POEMAS
Clarice da Silva Pereira Palma, é norte-rio-grandense, de
Natal. Filha do ex-ator teatral e poeta, Francisco Palma e de Júlia
Teixeira da Silva Palma, ambos falecidos. Orgulhava-se por ter herdado
do seu genitor todo o temperamento artístico. Como atriz-poetisa,
dedicou a maior parte de sua vida à Arte Cênica, o que lhe
valeu, o maior aplauso e forte entusiasmo da platéia natalense,
na interpretação de “Dona Xepa”, personagem-título
da peça de Pedro Bloch.
Em julho de 1981, recebeu, de seus fãs e amigos, a grande
homenagem representada pela aposição de uma placa de bronze,
alusiva ao seu trabalho, numa das paredes do principal teatro de sua terra,
o Alberto Maranhão. Delegada, no Rio Grande do Norte, do Movimento
Poético Nacional, entidade cultural que tem sede em São Paulo
e cuja presidência a proclamou como “Embaixatriz do Nordeste Poético”,
tendo sido o respectivo diploma entregue pessoalmente, por uma comissão
do M.P.N, na própria cidade de Natal, para onde se deslocou, especialmente
para essa solenidade. Possui diversos troféus e pertenceu a diversas
Academias de Cultura do Brasil e fora dele. Possui uma bagagem literária
de oito livros de poesias, já publicados, e três peças
teatrais, inéditas. Tem grau universitário e 1º lugar
em Concurso Técnico Judiciário e de Interpretação.
Radialista, jogou ao ar programas de grande aceitação e merecedores
dos maiores elogios. Como jornalista escreveu, com assiduidade, nos jornais
e revistas de sua terra natal. Nasceu a 12 de abril de 1911, aos 73 anos,
desafiava a mocidade por seu temperamento jovial, sua energia, sua espantosa
memória e seu físico! Dedicando-se também a música,
tocou piano, bandolim e violão e seu maior gosto; viajar, conheceu
o Brasil quase todo e uma pequena parte do Exterior. Entre os muitos diplomas,
os que mais lhe agradaram foram: o de “Embaixatriz do Nordeste Poético”
e o de “Elogio”, da Academia Internacional de Letras “3 Fronteiras” (RS).
2 - POEMAS: |
EU, EM RIMAS
PARA O MEU AMOR
Tudo o que sou, em rimas vou jogando
pela folhagem verde do meu chão;
por esta estrada em que vou caminhando,
coberta, sempre, pela inspiração!
E a caminhar, assim, feliz, sonhando,
numa só rima eu me transformo, então;
rima que rima com o seu nome brando...
rima ditada pelo coração!
Rima que é doce, como o nosso anseio;
que se aninhou, de manso, no meu seio
e que, comigo, dorme no meu leito!
E essa rima, pura e tão rimada,
é o meu segredo, que me traz calada,
sem comentários, pelo preconceito!
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EU, FOLIA
Começa o Carnaval, neste sábado manso
e a foliã que fui, como recordo ainda!
E aquelas fantasias, que jamais me canso
de recordar, sorrindo... quanta coisa linda!
E em minha Irmã-Madrinha, que o perfil alcanço
pela forte lembrança, havia a ânsia vinda
de me ver a dançar o sonho que inda danço,
nos carnavais da vida, que pra mim não finda!
Era ela que, assim, num maternal carinho,
costurava, até tarde, os enfeites de arminho,
nas ricas fantasias que pra mim comprava.
E, então, de clube em clube, a dançar, delirando,
eu fui a foliã, que só se foi parando
quando morreu meu pai, que tanto me animava! |
EU, VELHA
É difícil se ver uma velha contente,
Sempre a rir e a brincar... e piadas contando,
desta vida a sentir o lado bom, somente,
sendo, assim, tão feliz, a tristeza afastando!
E sobre mim é isto que, de toda gente,
eu vivo a escutar, neste Mundo e, vibrando,
muito mais eu me sinto, pois é, realmente,
assim, sempre a sorrir, que a vida vou levando!
Velha eu sou, só por fora... mas, a mocidade
cá por dentro inda existe, com imensidade,
e é por isto que “os pontos” entregar não pude!
Então, me adaptando, acho tudo “um barato”!
E o modo de “curtir”, dos moços, eu acato
e sou bem mais feliz, juntinho à juventude! |
EU TENHO TUDO
Eu quero luz e tenho luz nos olhos!
Eu quero paz e tenho paz na alma!
Eu quero amor, sem ondas, nem escolhos,
e deste amor eu tenho um mar de calma!
Quero ter sonhos e, em altos molhos,
sinto-os em mim; e o meu ser se espalma
sobre o calor que deles, qual refolhos,
então, me envolve em esperançosa palma!
Quero viver num mundo de certeza
e esse mundo eu tenho, na firmeza
do cuidadoso amor de minha filha!
Quero ter tudo... e tudo, tudo, eu tenho!
Por isto, sempre a rir, assim, eu venho,
sob o dulçor da vida, que rebrilha! |
MINHA CIDADE-LUZ!
Já vem chegando o Natal - nascimento de Jesus -
e Natal, Cidade-Luz,
é o Presépio Iluminado,
sob um céu todo azulado,
junto ao mar sereno e lindo,
como um lençol verde e infindo,
ornado de brancas rendas,
feitas de brancas espumas!
E quantas bonitas lendas
dão à Natal mais poesia...
retalhos de fantasia,
das vestes de uma “Praieira”,
esperando, a tarde inteira,
a volta do seu amor,
esse humilde pescador,
que lhe deixou com saudade,
partindo pra imensidade
do mar profundo e bravio,
no seu querido batel...
- “Praieira” de Othoniel!
Natal de brisa suave e alvos morros de areia!
Natal, minha terra cheia
de forte calor humano,
onde o sol, durante o ano,
doura a terra e doura o mar!
Natal, meu berço querido, sempre alegre e hospitaleiro,
onde o maior Cajueiro,
que existe no Mundo todo,
encanta e abriga turistas!
Natal - meu álbum de vistas
mais lindas e naturais!
Natal, Cidade-Esperança,
que eu amo, cada vez mais!
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