Elza de Melo
BIOGRAFIA & POEMAS:
Elza Ferraro de Melo, nasceu em Salvador, Bahia. Filha de Heráclio
Cardoso de Mello e Maria Rosa Ferraro de Melo. Professora primária,
diplomada pela Escola Normal da Bahia. Especializada em assuntos de Educação.
Pertenceu ao Quadro da Secretaria de Educação e Cultura do
Estado da Bahia, tendo ocupado várias chefias e integrado diversas
Comissões. Respondeu pelo expediente das Superintendências
do Ensino Secundário, Normal e Profissional e de Difusão
Cultural. Funcionou como Assessora Técnica no Teatro Castro Alves,
na 1ª Bienal Nacional de Artes Plásticas e na Diretoria do
Ensino Primário. Aposentada.
Apresentou-se em recitais de declamação e mereceu
elogios da crítica. Foi classificada e distinguida com prêmios
em concursos de âmbito nacional promovidos por Seções
da U.B.T. (União Brasileira de Trovadores) de Estados do Brasil.
Bibliografia:
- “Vida, Sonhos e Harmonia (livro de poesias) - Gráfica Olímpica
- Rio de Janeiro, 1965;
- Trechos da carta de Pero Vaz Caminha (nova versão) no opúsculo
“Descoberta do Brasil” de Cosme de Farias - Imprensa Oficial da Bahia -
1970;
- “Sexo, Tranças, Transas, etc.”- Empresa Gráfica
da Bahia - 1982.
- Há trabalhos seus publicados em uma dezena de coletâneas
da União Brasileira de Trovadores, em outras antologias e na imprensa
local.
2 - POEMAS: |
FAZER JUSTIÇA
Fazer justiça!... A profissão requer
muito saber e a séria decisão.
Na toga de juiz, homem ou mulher,
tem ante si a mais árdua missão.
Fazer justiça!...Quando alguém o quer
e independe de sua obra ou função,
muito difícil se, se faz mister,
recordar Talião ou Salomão,
ou Pilatos, no seu terrível drama,
que à cruz levou Jesus, um inocente,
lavando as mãos num gesto que o infama!
Fazer justiça!... Pior, se não se ama,
e a culpa não é nítida, evidente,
e da razão o coração reclama!
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A ESPERANÇA NÃO MORRE
Finda a guerra. Caminha um soldado
nos arredores do que foi cidade.
Farda rasgada. Braços avelhantados,
no seu peito a desdita e o desalento.
Lixo, destroços, raras as pessoas.
Das casas bombardeadas só ruínas.
Na beira de um portão de ferro intacto
algo que o deixou surpreendido nota:
- Uma chupeta úmida, caída,
dando prova do seu uso recente!...
Uma luz o seu peito aclara e aquece!
Olha distante e lá inda divisa
um vulto carregando uma criança...
E creu ver um futuro pacifista!
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POR QUE A CRUZ?
Eu não sei o tamanho nem de que
é, meu querido irmão, a sua cruz.
Não sei nem nunca saberei por que
este mistério, que ninguém traduz.
Ninguém, nem nenhum ser, fica à mercê
do nada ou do acaso. Alguém conduz
seu destino, mas ninguém O vê,
embora muitos creiam que é só luz.
É inconteste que o que nos rodeia,
tudo que a vista alcança ou não alcança,
vive, vibra, e, por certo, prazenteia.
Tudo sofre um controle superior
que para a perfeição o impele e lança,
porque contém a essência do Criador!
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VISÃO PRIMAVERA
São muitos os jardins. Muitas as flores
numa visão total de bizarria.
São muitos os jardins. Muitas as flores,
perfume, cor, beleza, simetria.
São muitos os jardins. Muitas as flores,
Muitas crianças. Muitos jardineiros.
São muitos os jardins. Muitas as flores
e desenhos diversos nos canteiros.
Mas num deles existe, tão-somente,
uma rosa entreaberta que enternece.
De tão pura, tão linda e tão silente,
já deixou de ser flor: - é uma prece!
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