João Seabra
ECO
a José Cândido Filho
Veio a nuvem, pairou, ficou luzindo
no alto firmamento e, por instantes,
como se fora um pássaro ferido,
tombou, num rodopio, sobre o monte.
Via trêmula a exangue, debruçada
no penhasco onde o sol se refletia;
nesga de angústia a se espraiar, sombria,
na face de um crepúsculo de sangue.
Depois foi o silêncio, a erma quietude
da floresta e do mar, se confundindo
em soluço abafado pela noite.
Soluço que eu retive como um eco
de passadas tristezas e agonias,
num tumulto de anseios e esperanças.
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