Manuel Caetano Bandeira
de Melo
O ELEFANTE
a Osvaldino Marques
Meu
corpo se desloca à luz da tarde em brasa
o
suor é a viva sede a curtir no caminho
que
eu percorro em vagar de quem anda sozinho
e
sabe que não encontra, em seu limite, a casa.
A dor
em peito largo aumenta e não extravasa
da
carne que resiste ao mais agudo espinho
e
permanece unida, entre o torvelinho,
quando
a tromba se ergue e a orelha agora é asa.
Atravessando
enfim a pesada agonia
a
noite sucessiva à evidência do dia
um
frêmito sacode a poderosa célula
e a
noite de luar alça vôo, cintila,
acena
para a noite etérea e tranqüila
a
tromba do elefante, asa de libélula.
Remetente
: Walter Cid
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