A professora MARIA SYLVIA DE VASCONCELOS CÂMARA, de Mossoró,
Rio Grande do Norte, participa do “Anuário de Poetas do Brasil”
há alguns anos e fez parte de “Escritores do Brasil” em 1982. Em
1983, esteve ausente das páginas dessas publicações
do escritor Aparício Fernandes, pois cuidava então do seu
livro de versos, “Tempo de Romance e Outros Tempos”, que incluiu a maior
parte de seus trabalhos antigos, como dos mais recentes. Figurou em “Ponta
de Lança na Praça” do editor Joaquim José de Miranda
Borges, de Uberaba (MG), e está nas duas coletâneas do editor
Arthur Francisco Baptista, de São Paulo, “Primavera em Trovas” e
“Saudade em Trovas”. Cooperou com os festejos da Abolição
dos Escravos de Mossoró, escrevendo a letra do hino comemorativo
do centenário, hino que recebeu música da Professora Dalva
Stella Nogueira Freire de Fortaleza.
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ÚLTIMO REFÚGIO
Poesia - amparo de ânsias e agonias,
urna do pranto amargo e solitário.
Poesia - contas mágicas de um rosário
de ardentes preces, pelas noites frias.
Acolhes, maternal, as litanias
da alma que enfrenta o sofrimento vário
e se agasalha no hiemal sudário,
deslembrada de risos e alegrias.
Mesmo que eu seja a última a venerar-te,
humilde ancila, fiel em procurar-te,
constante seguirei os teus caminhos,
Pois contigo, em estradas de mil flores,
descrevi minhas ilusões, cantei amores
sob o teu manto de veludo e arminhos.
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OS FLAGELADOS
Como em sonho febril, vejo passando
a caravana dos desamparados.
Vêm exaustos, sem forças, se arrastando,
com sede e fome, os pobres deserdados.
Crianças esqueléticas, desfilando
trôpegas, seguindo empós, no triste fado,
são títeres que se agitam ao vil comando
da miséria que os leva escravizados.
Aonde os conduzirá essa áspera estrada?
Onde irá terminar a atroz caminhada,
essa jornada vã, sem esperanças?
Meu Deus, de quem será o estranho erro
que a terra transformou em cruel desterro
e deixa morrer de fome estas crianças? |