Antônio Chaves


Mocidade

Ó mocidade! — borboleta louca Que o casulo deixaste pressurosa, Olha que o vento as asas te destouca, Adeja menos, borboleta ansiosa. Temo que as tuas límpidas antenas, Que o teu corpo fragílimo, subindo, um dia venham se cobrir das penas... E se temo é porque — pálido monge Sob a cúpula azul do céu aberto Olho, e te vejo já de mim tão longe, Tu, que eu julgava inda de mim tão perto. Volta! vem descansar sobre as alfombras Desta alma, que sorrir já não se atreve... Olha que o prado vai se encher de sombras E a terra toda se cobrir de neve.


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