Adail Coelho Maia


Interrogação

Ris, por que ris de mim? julgas por certo Que eu seja indigno de qualquer carinho? — Ave perdida procurando ninho Na solidão profunda do deserto?... Vivo longe de ti, e a passo incerto Sigo em silêncio o teu feliz caminho, Porque sem ti me sentirei sozinho, Trazendo o peito em mágoas encoberto. Não sou capaz de profanar-te o nome, Sofrendo embora esse martírio ardente, Na fogueira do amor que me consome!... Não rias, pois, da dor que me rodeia! Olha que Deus proíbe e não consente, Que a ente ria da desgraça alheia!...


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