Afonso Schimdt


O Poema da Casa Que Não Existe

Onde a cidade acaba em chácaras quietas e a campina se alarga em sulcados caminhos achei a solidão amiga dos poetas numa casa que é ninho, entre todos os ninhos. Térrea, branquinha, com portadas muito largas, desse azul português das antiquadas vilas e uma decoração de laranjas amargas que perfumam da tarde as aragens tranqüilas. Ergue-se no pendor suave da colina, escondida por trás dos eucaliptos calmos; tem jardim, tem pomar, tem horta pequenina, solar de Liliput que a gente mede aos palmos ... Neste ponto, a ilusão, a miragem, se some; olho para você, eu triste, você triste. Enganei uma boba! O bairro não tem nome, a estrada não tem sombra, a casa não existe!


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