Alcides Freitas


O Bambu

Exposto ao dia, à noite, à beira da lagoa, Onde se miram, rindo, as boninas do prado, Vive um velho bambu, velho, curvo e delgado, A escutar a canção que o triste vento entoa... Jamais os leves pés de um trovador alado, Desses que pela mata andam cantando à toa, Pousara-lhe num ramo! Apenas o povoa Alta noite, agourento, um corujão rajado... E vive, — arcaico monge a gemer solitário, — A sua dor sem fim, o seu viver mortuário, Tristonho a refletir no fundo azul das águas... Como o bambu da mata, exposto ao sol e ao vento, Do deserto sem fim de meu padecimento, Triste nos olhos teus reflito as minhas mágoas!...


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