Álvaro Viana


Eu

Eu tenho amor pelo meu tipo feio, Esguio e magro, muito magro e alto. Às vezes fico embevecido e creio Que o meu semblante é de terroso asfalto. E noite adentro sonho um lago e em meio Às águas calmas que em meu sonho exalto, Vejo entre os astros, a mim próprio alheio, O meu perfil tristonho de pernalto. Entre os dois céus iguais em que me perco, De um grande amor pelo meu Ser me cerco Abrindo as asas deste Ideal que é meu. E assim perdido na quimera, absorto, Espera pela paz, depois de morto, Quem nunca soube para quê nasceu.


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