Álvaro Viana
White Birds
Ando a sonhar uns pobres sonhos brancos,
Cheios de tédio e de desesperança.
Pela estrada da Morte não descansa
Quem só vive a pedir e nada alcança.
Tantos pecados vis, tantos arrancos,
Para arrancar-me a túnica dos flancos
Onde as feridas de combates francos
Ainda sangram na dor que se não cansa.
Mãos em cruz, a pedir por quem espera
A ilusão derradeira nesta vida,
já não sou, ai de mim! quem dantes era.
A sombra estreita de unia cruz — mais nada:
Sob um monte de terra revolvida
Dormirá a Esperança, enluarada.
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