Beni Carvalho


Descendo o Jaguaribe

I Canta, no agalho agreste, o passaredo... Canta... Em flor o cajueiral farfalha; o vento açoita... E vai, de fronde em fronde, e vai, de moita em moita, Áurea, a luz da manhã que, a sombra, abate e espanta. Alto, côncavo, azul, escampo, o céu! Levanta O vôo uma ave, além, que o bamburral acoita; Não mais a verde mata a treva espessa enoita, E tudo brilha, e esplende, e exulta, e harpeja, e encanta! Claro, ao sol refulgindo, o Jaguaribe, lento, Coleia, estuante, a arfar, os mangues alagando, E, à praia, o coqueiral move e fustiga o vento... Ao longe passa a voar, de marrecas um bando... O rio, ansiando mais, lança-se ao Mar violento: E o hino triunfal da Luz, ei-lo que vai cantado!...


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *