Bocage


O Cão e a Cadela

Em verso alexandrino
Tinha de uma cadela um cão fome canina, Ele bom perdigueiro, ela de casta fina: Mil foscas lhe fazia o terno maganão, Mas gastava o seu tempo, o seu carinho em vão. Dando no chichisbéu dentada e mais dentada, A fêmea parecia um cadela honrada E incapaz de ceder às pretensões de amor. Mas o amante infeliz foi sabedor De que a mesma, em que via ações tão desabridas, Era co'um torpe cão fagueira às escondidas. Se és sagaz, meu leitor, talvez tenhas visto Cadelas de dois pés, que também fazem isto.

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