Bocage


A Macaca

Em verso alexandrino
Nos serros do Brasil diz certo autor que havia Uma namoradeira, uma sagaz bugia. Milhões de chichisbéus pela taful guinchavam, E por não terem asa, o rabo lhe arrastavam. Qual, caindo-lhe aos pés de amores cego e louco, Nas cabeludas mãos lhe apresentava um coco; Qual do açúcar brilhante a sumarenta cana; E qual um ananás, e qual uma banana. Ela com riso astuto, ela com mil caretas, Lhe entretinha a paixão, lhe ia doirando as petas; Os olhos requebrava ao som de um suspirinho: A todos prometia o mais fiel carinho, E, se algum lhe rogava especial favor, À terna petição dizia: "Sim, senhor." Mas com muita esperança o fruto era nenhum, E os pobres animais ficavam em jejum. Leitores, há mulher tão destra e tão velhaca, Que nisto não ganha inda a melhor macaca.

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