Carvalho Aranha


Vigília

No meu retiro, agora, as lágrimas benditas De minha santa mãe, pranto mudado em rosas, Pelas manhãs de sol e nas manhãs brumosas Hão de, lestas, cair. Alma, por que te agitas? A paz, a grande paz das coisas silenciosas, Nostalgias do Além e as curvas infinitas Do Nirvana fatal em que, sábio, meditas, Surgem, aos olhos meus, do véu das nebulosas. Voa um mocho, a chilrar, e a maldição noturna Do vento ao ciprestal a ramaria esgalha, Vai rolando a gemer, crebra, de furna em furna; Enquanto, a palpitar, núcleos de mundos, pelas Estradas siderais, da luz n'áurea mortalha, Giram os eternos sóis e as trêmulas estrelas!


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