Carlyle Martins


Boiada

Verde largo é o sertão! No claro firmamento De um azul de safira, alto, esplêndido e lindo, O sol é um dardo de oiro. E, num tropel violento, Passa ao longe a boiada, entre poeira, mugindo. Tudo quieto ao redor. Em passo tardo e lento, No áspero desdobrar do caminho ermo e infindo, À canção do vaqueiro, os bois, em movimento, Vão vencendo a distância e, em tumulto, seguindo Ficou longe a fazenda! E os bois, de olhos doridos, Irmanando-se à paz da imensa natureza, Têm saudades, talvez: — soltam fundos mugidos... Vendo-os, quanta amargura o espírito me invade! — Sinto que esse mugir, de profunda tristeza, Quer dizer, mas não pode, o que seja a Saudade!


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