Castro Menezes


Messalina

Anelante, a vagar, ébria como uma escrava, Achou-a um centurião certa noite, na rua E ambos, a carne em fogo, enlaçaram-se à lua. Como um casal de leões numa floresta brava. Rugem de gozo os dois, sob a incendida lava Do furor que num beijo infindo os extenua, Deixando-a desgrenhada, exausta, seminua, Mas feliz no atascal do vício que a deprava. Desde então, a indagar-lhe o nome e o paradeiro, Mortas horas da noite, o lúbrico guerreiro, Abrasado de amor, no lupanar assoma. Mas a buscá-la em vão, da Urbs pelo antro impuro, Morrerá sem saber que ele, um soldado obscuro, Possuíra, em plena rua, a Imperatriz de Roma!


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *