Emiliano Perneta


Solidão

Que bom se eu fosse aquele lavrador, Que eu nunca pude ser e que eu não sou, Que depois de lavrar os campos, flor, Centeio, milho e trigo semeou... Esse trabalho nunca lhe amargou, Mas à hora doce e triste de sol-pôr, Tanta canseira o pobre desfolhou, Tanto fez, que semeou a própria dor... E oh! que amargura, quando a noite vem, Toda dum roxo frio de lilás... Quem dera ser o lavrador, porém! Entrar em casa, a mesa posta, os seus Em derredor, a consciência em paz, E tudo em paz, louvado seja Deus!


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