Fábio Montenegro


A Árvore

Hirta, negra, espectral, chora talvez. Responde Seu próprio choro, à voz do vento que a fustiga, Ela que ao sol floriu, floriu às chuvas, onde A paz é santa, o campo é doce, a noite é amiga ... Essa que esconde a chaga, essa que a história esconde, Que conhece a bonança e a borrasca inimiga, já foi flor, foi semente, e, sendo arbusto, a fronde Ergueu para a amplidão às aves e à cantiga. Que infinita tristeza o fim da vida encerra A quem já pompeou do Sol na própria luz. As flores para o céu e a sombra para a terra! Foi semente, brotou... Árvore transformada, Sorriu em cada flor; e hoje, de galhos nus, Velha, aguarda a tortura estúpida do nada!


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