Félix Pacheco


Ofertório

Cerca-te a nobre fronte uma auréola bendita. Na nostalgia azul dos teus olhares leio Uma Balada atroz com Lágrimas escrita. És para mim, ó Mãe, o vigoroso esteio Que sustenta de pé a velha e augusta Cripta, A colunata de oiro erguida em frágil seio, Para amparar a Torre Astral dos Meus Cismares, E impedir que ela tombe, em pó desfeita, em ruínas. A tua voz espalha, em ondas, pelos ares, Suaves, doridos sons de aflitivas surdinas, Enchendo o Oceano, enchendo os Céus, enchendo os Mundos. Como um Réquiem cantado através de neblinas. Vieste para extinguir os tormentos profundos! Vieste para apagar as velhas cicatrizes, Para descortinar o Céu aos moribundos! Vieste para aliviar a Dor dos infelizes! Vieste para espancar as Trevas de Minh'Alma, Para arrancar à Dor as rígidas raízes! Arcanjo de asa branca e protetora espalma, Emissário de Deus, ó Mãe, tu me trouxeste, Como uma Bênção do Alto, a esplendorosa calma. Abrandas a Agonia, exterminas a Peste, Escravizas o Leão ao teu olhar piedoso, E o Corvo teme, e o Tigre, a alvura que te veste. Arcanjo, Santa, Lírio, Estrela, Sol glorioso, Filtro que os Corações Humanos fortalece, Tamareira que ensombra o deserto arenoso, Mater! Suprema Força! Acolhe minha prece!


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