Ferro do Lago


Minha Rua

Espio da janela a minha rua em seu sono de lâmpadas elétricas. (Na pausa repentina do silêncio, passos notivagueiam pelo asfalto.) A quietação fermenta o melancólico pensamento das coisas esquecidas, e entre as folhas das árvores o tempo deixa escorrer de leve a sua areia. Outra vez a olharei. E quando olhar esta rua a alongar-se pela noite, talvez não pense nada, apenas veja as árvores, as lâmpadas — e as casas brancas e emudecidas como túmulos e, como túmulos, com o seu mistério.


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *