Figueiredo Pimentel


Olhos Misteriosos

Enigma vivos esfinge indecifrável! Quem poderá, acaso, desvendar Os arcanos que existem no insondável Fundo daquele olhar?!... Olhar que lembra o Fogo-fátuo, errante, De cova em cova, rápido, a fugir; Olhar de aço — ora morto, ora brilhante, Esquisito, a fulgir... Olhar imenso, olhar caliginoso, Do Infinito espelhando a vastidão, Que terrível segredo misterioso Reflete o teu clarão? Olhar que fala... Mas, que língua estranha, Que idioma de bárbaro país, Falam tais olhos, cuja luz me banha, Fazendo-me infeliz?!... Que paisagem fantástica de Sonho Esse olhar nebuloso reproduz — Luar triste, deserto, ermo, tristonho, Sem trevas e sem luz; Onde uma cor funérea, indefinida, (Uma cor, que não é bem uma cor) Paira como uma luz amortecida, Um lívido palor? Enigma vivo! esfinge indecifrável! Quem poderá, acaso, desvendar Os arcanos que existem no insondável Fundo daquele olhar? Olhar trevoso, olhar que nos aponta Incognoscível Região do Além: Quem é que sabe o que esse olhar nos conta?! Ninguém!... ninguém!... ninguém!...


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