Flexa Ribeiro


Crucificação

Forrado de cristal quero nosso aposento. Abertas num perfume, orquídeas solitárias. Subindo em espiral, como o meu Sentimento, duma caçoila estranha, as essências mais várias... Quatro esfinges a olhar, vagas e funerárias... Um Cristo de marfim, visionário e sangrento. Quase apagado o som de aveludadas árias, através dos cristais, trazidas pelo vento... E de tons de violeta uma luz o ilumina: ambiente sensual, espiritualizado à emoção virginal que me prende e domina... Sobre lâmina de ouro — em formato de lira — se estende o Corpo em flor, macio e perfumado, em que todo o meu ser se alucina e delira!


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