Goulart de Andrade


Kosmos

Tens a aurora na boca e a noite escura Nos olhos; no cabelo em desalinho. O mar bravo, a floresta, o torvelinho; E as neves da montanha em tua alvura Possuis na voz a música e a frescura Da água corrente; o sussurrar do ninho Na surdina sutil do teu carinho, Em que o calor ao travo se mistura... Cheiras como um vergel! Tens a tristeza De uma tarde hibernal, em que anda imerso Teu amor — meu algoz e minha presa — Em tua alma e teu corpo acha meu verso Todas as convulsões da natureza E as harmonias todas do universo.


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