José Paulo Moreira da Fonseca


Paisagem Noturna

Era uma hora isenta de toda a melancolia, uma certeza ainda mais densa contra a qual nada havia a fazer. Já o ouro se fôra, restava aquele azul de vidro que acende as constelações e o céu pareceu-me a pupila de um rei morrendo, e a sombra iluminava as coisas de um lívido rigor. Senti-me aflito como o homem a quem revelassem um segredo extremo que a própria memória temeria não esquecer.


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