João Quental


A Idade Exigida

Sim, o barro vermelho das estradas que não sei... Havia um tempo em que todos os vãos das portas das casas, do mundo, de nada, eram repletos de olhos de meninos a espiar a obscuridade. Hoje não. Ja não há mais casas, nem meninos nem vãos obscuros... Hoje é um dia em que me descubro sumido na boca dos homens que perderam a vida a partir tornar seguir rosnar não quero que os dias sejam assim. Pois não quero, nunca, ter a idade exigida para morrer, só, na poeira do barro vermelho das estradas que não segui...

(1984)

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