Júlio Maciel
Verde
 
 
    Há uma ressurreição no Sertão rudo.  
    Uma ressurreição! — Verde e risonho 
    É o vale, verde a serra, é verde tudo 
    Em que os meus olhos, deslumbrado, ponho.
     

    Bruto alcantil de aspecto mau, desnudo
    Esvão de terra, ríspido e tristonho,
    — Agora têm branduras de veludo,
    Verdes agora os vejo, como em sonho!
     

    Em cisma, a sós, contemplo verde liana,
    Verde, tão verde, com carícia humana
    As ruínas afagando a uma tapera.
     

    E na contemplação que me não cansa,
    Sinto quão doce és tu, cor da Esperança, 
    — Até nos olhos de quem nada espera...