Leão Vasconcelos


Canto do Peregrino

Para louvar-te Em versos de arte A estreme beleza, Vim de longe — ó Princesa! Chegou no meu tugúrio a fama de teu nome! E eu parti, lira às mãos, ardendo em sede e fome, Para ver-te e contar a todos os mortais A beleza sem par de teus olhos fatais, Do teu perfil sereno de medalha, Do teu sorriso trêmulo e divino... Acolhe a prece, pois, do peregrino... Vim de longe e parei ante a forte muralha Do teu castelo, o rosto exangue... Em sangue da jornada os pés, as mãos em sangue E exposto ao vento e à chuva espero que apareça O sol para esfolhar sobre a tua cabeça As rosas que colhi rio meu triste caminho, Deixando algo de mim em cada espinho Por onde, só, passei, deslumbrado a cantar Atrás de uma quimera... E, ó Princesa! já choram, a tua espera os meus olhos cansados de sonhar...


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