Maranhão Sobrinho


Equatorial

Bóiam verdes lodões no lago quieto em frissos de topázio. Flechando as ralas talagarças dos ramos vibram, no ar, os vírides caniços dos juncos. Funde a luz as nuvens de oiro esgarças. Sobre o lodo escorrega o musgo a renda. Em viços soberbos, o esplendor das aquáticas sarças beira o líquido espelho em que, de espantadiços olhos, banham-se, ao sol, as branquicentas garças. Trapejam no horizonte uns trêmulos farrapos de púrpura. Banando, entre os juncos, disformes de luxúria, a coaxar, pulam, glabros, os sapos. E, na lama, que a lesma azul meandra de rugas, rojando-se em espirais de gelatina, enormes arrastam-se, pulsando, as moles sanguessugas...


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