Raimundo Fontenele


O Cavalo das Horas

era um cavalo negro sem tamanho no prado sul do mundo onde corria o sangue dos ginetes destroçados era um cavalo grosso reluzente varando espaços fortes velozmente tangido a um prado e a outro sempre-sempre era um cavalo branco frio mudo em cujos olhos crianças se atiravam na sela da manhã no chão no limbo era um cavalo horáculo fogoso sustentando o peito três medalhas de heróis tombados sobre o véu do muro era um cavalo azul de tanto medo de patas farejando o firmamento onde pessoas e prantos misturaram-se era um cavalo verde só de sono que carregava os tristes para um outro campo de plantação devasso / puro era um cavalo novo nova idade secular instrumento da discórdia que não subia ao céu nem ia à terra


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