Victor Silva


O Farol

Na amplidão do mar alto entre as vagas se apruma O vulto do farol como uma sentinela; Estardalhaça o vento, e a rugir se encapela A água negra do mar em turbilhões de espuma. Enche a trágica noite, atroa e se avoluma Um insano clamor nas asas da procela: É a morte! E ao temporal que as vagas atropela Rodopiam as naus na escuridão da bruma. Mas, súbito um clarão a espessa treva inflama, Acende o mar bravio, ilumina os escolhos, E guia o rumo às naus contra os parcéis da morte... É a vida! É o farol que escancarando os olhos, Vira e revira em torno as órbitas de chama, Ora ao Norte, ora ao Sul, ora ao Sul, ora ao Norte...


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