Aramis Ribeiro Costa  

Espelho 
 
                                                                                   
Depois de amar com tanto ardor e gosto
E andar perdido em sentimentos a esmo
Revejo num espelho o próprio rosto
E volto para dentro de mim mesmo.

A imagem que reflete é velha e gasta
Parece do passado um avantesma
Que atrás de si a solidão arrasta
Como um rastro viscoso de uma lesma.

Ao ver-me assim, de súbito, me assusto 
De ser o que não quero e que não gosto 
E afasto do meu ser tão negro abismo.

Enchendo-me de cólera e a custo
Esse fantasma lúgubre eu arrosto
E em mil pedaços quebro o pessimismo.

                                                       

[ ÍNDICE DO AUTOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
Página  editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  18  de Fevereiro de 1998