Depois de amar com tanto ardor e gosto
E andar perdido em sentimentos a esmo
Revejo num espelho o próprio rosto
E volto para dentro de mim mesmo.
A imagem que reflete é velha e gasta
Parece do passado um avantesma
Que atrás de si a solidão arrasta
Como um rastro viscoso de uma lesma.
Ao ver-me assim, de súbito, me assusto
De ser o que não quero e que não gosto
E afasto do meu ser tão negro abismo.
Enchendo-me de cólera e a custo
Esse fantasma lúgubre eu arrosto
E em mil pedaços quebro o pessimismo. |