A sombra do teu vulto me entristece
Segue os meus passos, cresce, se agiganta
O menino que em mim por ti se encanta
Soluça no meu peito que envelhece.
A neve que o cabelo te embranquece
Agora em meu cabelo desce tanta
Que a sombra do teu vulto, avô, se espanta
Desta sombra que à tua se parece.
E seguimos, as mãos entrelaçadas
As duas sombras, pela vida atadas
Embora pela morte divididas.
A sombra do teu vulto me abre os braços
Mas eu, avô, sou eu quem segue os passos
Das minhas gentes mortas e queridas. |