Aramis Ribeiro Costa  

Soneto das Sombras e dos Passos 
 
                                                                                   
A sombra do teu vulto me entristece
Segue os meus passos, cresce, se agiganta
O menino que em mim por ti se encanta
Soluça no meu peito que envelhece.

A neve que o cabelo te embranquece
Agora em meu cabelo desce tanta
Que a sombra do teu vulto, avô, se espanta
Desta sombra que à tua se parece.

E seguimos, as mãos entrelaçadas
As duas sombras, pela vida atadas
Embora pela morte divididas.

A sombra do teu vulto me abre os braços
Mas eu, avô, sou eu quem segue os passos
Das minhas gentes mortas e queridas.

                                                       

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Página  editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  26  de Fevereiro de 1998