Com toda a sinceridade,
— discorde lá quem quiser! —
Noto certa afinidade
Entre livros e mulher.
Passa uma jovem faceira.
De jóias leva um tesouro.
Com tanto anel e pulseira,
Mais parece um “livro de ouro”.
Outra vai pela cidade
Humilde, amável, submissa.
Seus atos de caridade
Lembram um “livro de Missa”.
A mulher de muita ciência
É “dicionário” ambulante
Que a gente não tem paciência
De reler a todo instante.
A moça que é requestada
(Cujos casos eu não conto)
Com tanta hora marcada,
Sugere o “livro do ponto”.
A espera, tipo perfeito,
Das atitudes exatas,
Monótona e sem defeito,
É mesmo o “livro das atas”!
A mulher que não é rica
Mas tem despesas suspeitas,
Um bom título lhe fica:
Um “livrinho de receitas”...
A “vamp”, de olhar flamante,
(Por ela, leitor, não peque!)
Que adora anel de brilhante,
É bem um “livro de cheque”
Mulher boa, muito boa,
É o “best-seller” que roda:
todo mundo lê, á toa,
Só porque ele está na moda.
Quanto ao caso clandestino
Que a gente escolhe com truque,
Que põe pedra no destino,
É o tal do “pocket book”. |