Álvaro Armando

Sonhos de Junho
                                                     
                            
Era moda antigamente
Fazer versos de São João
Comparando simplesmente
Um lindo sonho a um balão.

O motivo era excelente,
Agradava com razão.
Pois trazia toda gente
Um sonho no coração.

Chega São João novamente.
Perco os olhos na amplidão.
Mas procuro, inutilmente,
Dentro da noite, um balão.

A noite é languida e quente,
Quase noite de verão.
Entretanto, antigamente,
Como era frio, São João!

Fria a noite, mas ardente 
Dentro do peito, a ilusão.
Hoje, na noite e na gente
Não há sonho nem balão.

Vendo tudo diferente,
Como o poeta, indago então,
Tendo a dúvida na mente:
Mudei eu ou o São João?

                                  
                                                                           
Remetente: Walter Cid

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  23  de  Julho  de  1998