Alberto da Costa e Silva

Elegia
       
 
Sofrer esta infância, esta morte, este início.  
As cousas não param. Elas fluem, inquietas, 
como velhos rios soluçantes. As flores 
que apenas sonhamos em frutos se tornaram.  
Sazonar, eis o destino. Porém não esquecer 
a promessa de flores nas sementes dos frutos, 
o rosto de teu pai na face do teu filho, 
as ondas que voltam sobre as mesmas praias, 
noivas desconhecidas a cada novo encontro. 
As cousas fluem, não param. As folhas nascem, 
as folhas tombam longe, em longínquos jardins. 
Em silêncio, vives a infância de teus olhos 
e, morto, és tão puro que te tornas menino.
 

[ ÍNDICE ANTERIOR ][ PÁGINA PRINCIPAL ]
 
 
Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  19  de  Agosto  de  1998