Alberto da Costa e Silva

Vera Canta
       
 
Dissesse agora o sonho sobre o mar 
em que garimpo as ondas e os luares, 
saltimbancos de azul e alvos bordados 
de touros, sóis e pãs descabelados, 

compreenderias que ouço a tua voz 
de avena clara e pão, que os bichos voltam  
de suas solidões para o teu canto 
e vêm pastar nesta planície enorme, 

que te vejo na flor, na lã, no cacto, 
sentada, interrogando as tuas mãos 
e aquário, peixes, câncer.... lua e sol, 

que não te crio para um sonho raro, 
pois és bela, real, mais do que a fábula, 
ó dinamene, ó macieira, ó prado!

 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  19  de  Agosto  de  1998