Alberto da Costa e Silva

Soneto de Natal
       
 
Como  esperar que o dia pequenino , 
com a mesa, a cama, o copo, as cousas simples,  
desate em nossas mãos os lenços cheios 
de canções e trigais e ninfas tristes? 

Menino já não sou. Como de novo 
conversar com os pássaros, os peixes, 
invejar o galope dos cavalos 
e voltar a sentir os velhos êxtases? 

A linguagem dos grãos, do manso pêssego, 
a bem-amada ensina e novamente 
sinto em mim o odor de esterco e leite 

dos currais onde a infância tange as reses, 
sorve a manhã e permanece neste 
cantor da relva mínima e dos bois.

 

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Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  19  de  Agosto  de  1998