Alto me sonho, mas sou apenas homem:
alguns dias a infância desterrada
em outro ser (e o ar que as mãos agarram
se vai movendo em nós, respiro fraco
com que me gasto, calmo, rês, mudado
no tempo em que me faço e me desfaço,
humilde, cego, em lágrimas sangrado,
passagem de luar, bicho deserto)
que sente, alguma vez, a despenhar-se
o espaço nas coisas, grande, alado,
ou sobre mim, em mim, no ser atado
à vida, à terra, a este adeus cortado,
e vê o mundo a reerguer-se, aberto,
no refino da espera e de um abraço. |