— Conheço o verde e as águas, as narinas
frementes dos coelhos, os caminhos
ladeados de flores, e as formas
do arco e da espora. Vi parirem
as vacas e as mulheres. Pressenti
as grandes tempestades de poeira.
Sei como respira o mundo. Sei de mim.
Ando atrás de uma espera.
(Dos caminhos, vinham os reis. Alguns tão pobres
que andavam nus, toucados de plumagens.
Alguns vestiam a pele da pantera.
Alguns, a seda. Alguns, a musselina.
Andavam a pé, e descalços. Ou montavam
cavalos e camelos.
E traziam
o ouro em pó,
o ovo da avestruz,
o couro do lagarto,
um crânio tatuado, tantas caixas
de cobre e laca,
e a feroz esperança,
como dádivas.)
— Não houve entrega. As mãos
se empobreceram.
(No alto da gruta, a estrela ainda parava.
Um boi se ausentava, ruminando.
Havia ainda brasas, quando soprada a cinza.)
— Faltou-nos meia hora, ou pouco mais: o tempo
de arrear um burrico, ou muito menos.
Éramos todos, mas jamais chegamos.
Pois nos foi poupado
ver o Menino. |