De luto, a minha avó costura à máquina,
e gira um catavento em plena sala.
Vejo seu rosto, sombra que a janela
corrompe contra um pátio amarelado
de sol e de mosaicos. Sobre a mesa,
a tesoura, um esquadro, alguns retalhos
e a imóvel solidão. A minha avó,
com seus olhos azuis, o tempo acalma.
A minha avó é jovem, mansa e apenas
a limpidez de tudo. Sonho vê-la
no seu vestido negro, a gola branca,
contra o corpo de cão, negro, da máquina:
a roda, de perfil, parece imóvel
e a vida não se exila na beleza. |