Escrevo o teu nome neste leque, Isabel,
e vejo-te correndo pela faixa de pano
que se abre e se fecha e se abre, correndo
sobre a areia do verso, atrás de borboletas
e balões coloridos. Pelo parque, de velas
a fingirem de saia, sais, fugindo do leve
respirar do momento, para o que não se apressa
e se opõe ao que é onda, sendo concha, e ao vento,
e pára as seriemas na paisagem do leque
com que abano a paisagem em que corres, alegre.
Só espero o que tenho: o teu olhar menino,
duplicando ao contrário a cor da lua cheia,
na mocinha a cobrir com os balões do abanico,
que te ponho nas mãos, a surpresa do riso
e a cantar de amarelo e de azul o vermelho.
Como flores no chão, no chão da ventarola,
entre as moitas miúdas onde escondo coelhos,
espalho aquelas letras em que vai meu secreto
legado de sonho e carne, esplendor e mistério
— um a com mel, um m, um o sonhado e um r —
nesta caligrafia em que escrevo Isabel. |