Adolfo Casais Monteiro

Ato de Contrição

Pelo que não fiz, perdão! Pelo tempo que vi, parado, correr chamando por mim, pelos enganos que talvez poupando me empobreceram, pelas esperanças que não tive e os sonhos que somente sonhando julguei viver, pelos olhares amortalhados na cinza de sóis que apaguei com riscos de quem já sabe, por todos os desvarios que nem cheguei a conceber, pelos risos, pelas lágrimas, pelos beijos e mais coisas, que sem dó de mim malogrei — por tudo, vida, perdão!


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