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Quantos são os internautas, os usuários da Internet no Brasil? Nos últimos meses, foi divulgada uma variedade de números, compondo estimativas de algo entre oito e dez milhões de usuários. Logo esse número ultrapassará aquele de computadores em funcionamento, pois, além de provedores grátis, há acessos públicos em bibliotecas e outras instituições, para quem não possui computador. Por isso, cada vez menos a Internet será algo restrito, coisa para minoria. A principal dificuldade enfrentada pelo usuário da rede ainda é o caos, a espantosa mistura de incompetência e alta tecnologia composta por provedores despreparados, telefonia precária, linhas que caem, informações que não se carregam, computadores que travam, e-mails que não chegam ao destino, conexões de banda larga demasiado caras. Isso, além da proliferação de imbecis eletrônicos a nos bombardear com seus megabites de mensagens inúteis, complementando o trabalho de hackers e disseminadores de vírus. Por isso, um dos editores desta Agulha, outro dia, depois de permanecer durante uma hora diante da tela, abrindo sites de busca, atualizando o que havia preparado para uma palestra, saiu do mundo virtual, ao dirigir-se à estante para abrir um pesado volume da sua velha Encyclopaedia Britannica, com alívio e satisfação, sensação de pisar em terreno sólido. Mesmo quando houver sido superada a fase caótica, o período do crescimento explosivo da internet, a função dos veículos literários nessa rede ainda será objeto de discussão. Servirão como instrumento de consulta, mais que de leitura? Haverá a relação sinérgica entre livro e internet, com a transmissão eletrônica servindo à melhor difusão do texto impresso? Estatísticas mostram que a proliferação de sites não provocou queda, mas sim o aumento da compra e circulação de livros. Mas isso, no assim-chamado Primeiro Mundo. No Brasil, tudo pode ser diferente, e para pior. Com nossos baixos índices de um hábito de leitura mal implantado, livros caros, distribuídos e noticiados de modo precário, o ensino que não consegue formar leitores, é possível que a transmissão eletrônica venha a concorrer com a cultura da escrita, em vez de colaborar com ela. E aquilo que chega às telas dos computadores pode acabar resultando no mesmo efeito desastroso que hoje têm as xerocópias. Motivos adicionais, esses, para valorizar bons sites literários. E para promover uma reflexão permanente sobre a complexa relação entre a transmissão de literatura pela via eletrônica e a página impressa. Contribui para essa discussão o caráter interativo da net, com sua facilidade de transmitir informação, e não só de recebê-la. E, principalmente, a permanência, ou, ao menos, a durabilidade dessa informação. A não ser em bibliotecas e outros acervos especializados, publicações periódicas sobre papel, revistas ou jornais, têm durabilidade limitada. Descartáveis, acabarão substituídas pelo próximo número da mesma publicação. O texto veiculado em sites e revistas eletrônicas, não: permanece, gravado em uma base de dados, sempre acessível aos interessados, em uma permanente sincronia da informação. É o que ocorre com as matérias de números anteriores de Agulha, agora resgatadas e colocadas à disposição dos interessados. O próximo passo, já em execução, é o registro dessas dezenas de textos em sites de busca, ampliando o contato com leitores. Outras novidades ainda virão. Aguardem. os editores
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1. …escutávamos transmissões
estrangeiras a quarenta metros… alfonso peña
(f.m.)
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editores
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