Winterhalter Franz Xavier, Alemanha, Florinda

 

 

 

 

 

 

 

Um esboço de Leonardo da Vinci, página do editor

 

 

   
 
Culpa

 

Artur Eduardo Benevides

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Angela Gutiérrez convida

 

 

 

 

 

 


 


 
 
 
 
 


 
 
 
 
 
 
 

 

 

 


 
 
 
 
 
 



Fortaleza, Quarta-feira 03 de outubro de 2001

 


A palavra bem-vinda
“A literatura é um momento em que a linguagem não é a do dia-a-dia. Guimarães Rosa falava na palavra com plumas, que é a palavra do dia de festa.”

Angela Gutiérrez: “O leitor gosta de crônica, gosta de conto, gosta de uma obra que possa dominar num curto espaço de tempo. Foto de Cid Barbosa, Diário do Nordeste

 

 

Felipe Araújo


     Em seu novo livro, ‘‘Avis rara’’, a professora e escritora Angela Gutiérrez faz sua estréia no conto e reúne singelas e tocantes historietas de mulheres. O livro será lançado hoje à noite no Ideal Clube.

     Entenda-se o título do livro. ‘‘Avis rara’’ é parte de um ditado latino - ‘‘avis rara, avis cara’’ -, citado como referência a uma visita incomum, porém muito bem-vinda. No contexto do novo livro de Angela Gutiérrez, a expressão, além de batizar a obra em si, dá nome a um de seus contos: uma menina fica encantada com a tal palavra, pede para que seu pai a escreva e guarda o papel em sua caixinha de jóias. Para a criança, palavra como aquela, somente em dias especiais, dias de festa, quando, enfim, deverá ser usada com a melhor roupa, a melhor jóia.

     Qual sua pequena personagem, Angela também guardou sua palavra na caixinha de jóias. De lá só a tirou poucas vezes, em momentos especiais de festa da literatura, como ‘‘O mundo de Flora’’ (romance de 1990) ou ‘‘Canção da menina’’ (coletânea de poemas lançada em 1997). Entre um e outro, revestiu seu verbo com a sobriedade da pesquisa acadêmica e concluiu ‘‘Vargas Llosa e o romance possível da América Latina’’, sua tese de doutorado publicada em 1996. Em meio às leituras científicas, porém, não resistiu aos apelos de sua própria imaginação e abriu brechas na teoria para pequenos vôos pela ficção.

     Anotados ali mesmo, nas costas de tratados literários, romances e outros suportes ao alcance da mão, esses pequenos textos - nem bem contos, na verdade, mas ‘‘flashes’’ como Angela prefere chamar -, foram depois reunidos pela autora e deram origem ao livro ‘‘Boneca de Louça’’. A bênção de Moreira Campos foi imediata e aquelas pequenas histórias de vida(s) feminina(s) passaram a habitar o limbo do publica não publica de Angela. Finalmente publicado, o livro mudou de nome e virou ‘‘Avis rara’’, com direito a apresentação entusiasmada do mestre Moreira e ilustração de Aldemir Martins na capa.

     No livro, estão as histórias de Marina, Vitória, Bebel, Virgínia, Alissa, Angélica e tantas outras mulheres que guardam palavras em caixinhas de jóias, que espreitam o mundo de suas janelas, que fazem do cinema sua janela para o mundo, que odeiam os laços de seus vestidos, que abraçam a memória do filho pródigo que ainda não voltou pra casa, que são sereias, que não cabem em retratos, que se encontram com sua meninice... ‘‘Nenhuma delas sou eu e todas são feitas da minha mesma matéria’’, escreve Angela.

     É avis rara e é caríssima. Afinal, a boa literatura, a rara boa literatura como a de Angela, mesmo que não seja dada a sair com freqüência de sua caixinha de jóias, é sempre a mais bem-vinda. O resto, vassoura atrás da porta com eles.

     - Avis Rara é uma expressão que remete a uma visita rara mais bem vinda. Por que abrigar os contos sob esse título? Angela Gutiérrez - Na verdade, esse livro, quando foi preparado, se chamava ‘‘Boneca de Louça’’, que é o nome de um dos contos. Ao reler o livro eu senti uma força maior ao colocar o título de ‘‘Avis Rara’’. Como minha obra é toda entrelaçada, percebi que não só havia um conto nesse livro chamado ‘‘Avis Rara’’, como eu tinha um poema com o mesmo título em ‘‘Canção da Menina’’. No conto, a menina um dia escuta a palavra ‘‘Avis Rara’’, fica encantada com essa palavra, pede ao pai que escreva e coloca em sua caixinha de jóias. E essa palavra era mais preciosa que o anel de pedrinha azul que ela usava em dia de festa. Ou seja, era uma palavra para ser usada em dia de festa. Então, pensei em ‘‘Avis Rara’’ como a palavra literária, a palavra de festa. A literatura é um momento em que a linguagem não é a do dia-a-dia. Guimarães Rosa falava na palavra com plumas, que é a palavra do dia de festa.

     - Esse é o primeiro livro de contos...

     Angela - Eu até fico com medo de chamar de contos. Na apresentação, falo de historietas e de estórias porque nem todos têm a estrutura formal do conto. Muitos deles, o Moreira Campos chamou de manchas, de reminiscências, não sei se ele chamou relâmpagos, acho que sou eu que estou chamando de relâmpagos, de flashes. O conto geralmente tem o final ou de surpresa ou de impacto. Nem todos esses textos meus têm isso. Eles começam e terminam vagamente, sem um final preciso.

      - Já que você falou nele, ‘‘AvisRara’’ tem uma linda apresentação do Moreira Campos. Como foi o teu contato com ele no que diz respeito a esse livro?

     Angela- Alguns anos atrás, antes do Moreira Campos morrer, eu dei o livro para ele ler. E ele ficou encantado. Ele é tão generoso. Sempre digo é porque ele está sempre comigo, tenho uma amizade profunda a Moreira Campos. Ele dizia assim: ‘‘Angela, você tem uma qualidade que eu nem sempre tenho mas que acho linda. É fazer com que as coisas de repente surjam, sem precisar de preâmbulos. É tão difícil fazer isso’’. Olhe, o mestre dos mestres, tão gentil, tão simples, tão puro, me dizia às vezes isso. Talvez seja por isso que eu esteja entregando esse livro aos leitores. Porque essas histórias surgem de repente e de repente podem dizer alguma coisa, alguma palavra, alguma ‘‘Avis Rara’’ que fique. Ele pode ser aquela visita que deixe uma lembrança.

      - O livro conta trinta e duas histórias sobre pedaços da vida de diferentes mulheres. Essa foi a linha condutora para a escritura desses contos? Ou eles foram o critério utilizado por você para selecioná-los?

     Angela - Eu só percebi que todos os contos eram sobre mulheres quando eu os reuni. Depois me surgiram mais um ou dois quando eu estava reunindo. Mas não foi proposital. Quando comecei a recolher os contos que estavam escritos é que percebi que eles falavam sobre mulheres. Por isso mesmo que coloquei o primeiro título de ‘‘Boneca de Louça’’. Porque a mulher é uma boneca de louça. Ao mesmo tempo que ela é preciosa, ela também é delicada. Mas nós somos muito fortes. As mulheres fazem muitas coisas ao mesmo tempo, têm uma capacidade impressionante de ser ao mesmo tempo tantas. Essa versatilidade, às vezes, o homem não tem.

      - Como é a relação entre a tuaexperiência como mulher e as experiências dessas personagens? Angela- Quando eu lancei o ‘‘Mundo de Flora’’, todo mundo me perguntava: ‘‘Você é Flora?’’.

          Eu dizia: ‘‘Não, eu não sou Flora, mas Flora é parte de mim’’. Então, esses personagens todos, essas mulheres têm alguma coisa de mim, mesmo que seja algo que eu não quero ou algo que eu não gostaria de ser. Ou alguma coisa minha que eu sou. Por exemplo, a cinemeira. Eu sou cinemeira, amo cinema, me acostumei com meu pai, Luciano Mota, que é o maior cinemeiro que já conheci. Noventa e nove por cento do que sei devo a ele. Então, o fato daquelas cinemeiras trazerem o cinema para suas vidas é algo que elas têm de mim. O escritor sempre corre o risco de que as pessoas vejam você em cada personagem, quando eles (os personagens) são apenas um insight, um ponto em comum com você. Os escritores olham o mundo e vêem coisas que depois transportam para sua obra. A mulher sempre sofreu mais, sempre teve mais dificuldade para chegar ao mesmo ponto que o homem. Ela sempre tem que quebrar mais barreiras. Então, isso me dá uma empatia maior com a mulher como personagem porque o escritor simpatiza muito com o personagem que sofre, com o personagem que luta.
 

      - No início da nossa conversa,você disse que esses textos talvez não sejam exatamente contos, mas a grosso modo a gente pode chamá-los assim. Recentemente, o gênero conto voltou a ocupar a berlinda das páginas literárias com a publicação do livro ‘‘Os cem melhores contos brasileiros do século’’, do Italo Moriconi, que, bem ou mal, deu uma nova visibilidade ao gênero. Como você vê a inserção desse gênero no atual panorama da literatura brasileira?

     Angela - A ficção brasileira tem uma vocação muito bonita para o conto e para a crônica. O leitor brasileiro de hoje gosta de ler algo rápido. Cada conto é uma obra e você tem condições de dominá-lo em um curto espaço de tempo. Talvez essa seja a dificuldade de parar para ler um romance, porque o romance demanda um tempo maior de reflexão e de parada. Mas escrever conto não é fácil. Você ter o domínio da obra com tão pouco espaço de tempo sem poder desenvolver os personagens é muito difícil. O Moreira Campos fazia isso muito belamente; o Machado de Assis é inacreditável, embora os contos de Machado sejam bem mais longos. O escritor brasileiro não só tem essa capacidade para escrever o conto como tem uma poeticidade linda para tratar o cotidiano e fazer belas crônicas. Os nossos cronistas são admiráveis. O leitor gosta de crônica, gosta de conto, gosta de uma obra que possa dominar num curto espaço de tempo. Tudo faz com que o conto transite bem aqui no Brasil. (FA) 
 
 

     Felipe Araújo

     Da Editoria do Caderno 3

© COPYRIGHT 1998 Diário do Nordeste. 

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No tempo da delicadeza

Angela Gutiérrez lança, hoje à noite, seu novo livro, Avis Rara, conjunto de 32 histórias curtas, publicado pelas Edições UFC. São quadros delicados, onde personagens femininas ganham o primeiro plano, ambientadas numa Fortaleza mais amena e suave, com certa malícia sem crueldade, muita imaginação e bem querer

Eleuda de Carvalho 
da Redação
 

Angela Gutiérrez: retratos de mulheres e recomendações de Moreira Campos (Foto: Thiago Gaspar)

[03 Outubro 02h34min]

Comece pelo começo, embora você possa mergulhar nestas páginas como quem desembrulha delícias, e tanto faz por que lado se degusta o doce, o mel. Mas quem recebe o leitor é a menina azougada, que implicava com a carnavalesca venta de seu Joaquim. Então vem Bebel, sua prosódia singular, a dar cascudos afetuosos nos meninos sob sua guarda. Ou esta pacata Virgínia, amando nas madrugadas mornas os artistas de cinema. Os netos e suas malícias, quando ouviam vovô Tôni contar a mesma história, ou aquela outra que desejava a boneca de louça, desbotando dentro de sua caixa, tão perto e inalcançada. 

Mas sempre mostra a carinha e os cabelos dourados a garotinha curiosa, encantada pelas palavras, como esta, dupla, ''avis rara'', que ela guardava na sua caixinha de tesouros. O gato Ravenot e sua dona, ''eu, meu bem, sou livre e desimpedida''. Na calçada, Secunda e Alissa espiam Orson Welles que passeia, na hora do sol se pôr. Tem ainda a menina das areias, Marina moça na praia, a empregadinha boseira, a correntinha de Iara, a saudade de Davi, procurando sua estrela. E a janela de Vitória, vitalina que nada, uma artista a imaginar. 

Angela Gutiérrez abre sua arca de maravilhas, de lá saltam as estrangeiras, a comprida miss Colbert, que não cabia nos retratos, a italiana que endoideceu, os sonhos eróticos em francês de Madame Vieira. E as moças malassombradas, vestidas de branco nas luaradas do Náutico, os gêmeos Charles e Percival que não sabiam mijar em pé, a doutora Mocinha muito gordinha no seu fordeco. Vem de lá a esquecida, a velha morta e sozinha, a noiva de João Batista, o cemitério. E a menina que não gostava de dormir. Veja: quando você virar a última página, vai saber, todas elas, eles, a cidade, pulsam no seu coração. 
 

O POVO - O título do livro seria Boneca de Louça. Por que a mudança? 

Angela Gutiérrez - Foram alguns motivos. Primeiro, notei que, quando eu falava em Boneca de Louça, sempre as pessoas confundiam com Canção da Menina. Acho que pelo fato de ser boneca e menina, juntavam. Aquilo me tocou que parecia uma repetição. Depois, eu relendo, pensando em outro título, achei que Avis Rara era bastante significativo, eu já tinha um poema, ''Avis rara'', na Canção da Menina. E Avis Rara, ao mesmo tempo que já significava a mulher da boneca de louça, porque a mulher é uma avis rara, significava também a palavra poética, aquela que você guarda dentro da caixinha, mais azul do que a pedrinha azul do anel, como digo no poema. Eu já tinha escolhido o nome novo, e fui no Estrigas, porque ele tinha feito as ilustrações quando era Boneca de Louça. Fui pensando na capa, o Estrigas disse, o que você quiser meu... Dei de cara com este pássaro do Aldemir Martins, disse, ah, é esse que eu quero, aí o Estrigas, você sempre gosta das coisas difíceis. Mas telefonou para o Aldemir, me colocou na linha, o Aldemir conversou comigo, disse que era um prazer. 

OP - Gostei demais de você ter mantido nas orelhas de Avis Rara o texto afetuoso do mestre Moreira Campos. 
AG - Tenho muita saudade dele. Na verdade, eu nem digo que amei, eu amo Moreira Campos. Ele foi um mestre por vários motivos, entre eles, porque foi muito amigo do meu pai, que graças a Deus está aí vivo, e é da mesma idade, eles conviveram quando jovens. Quando me aproximei de Moreira Campos na universidade, ele ficava lá, a figura do pai, aquele homem muito inteligente, muito ligado à leitura. Ele era muito afetuoso comigo. Mostrei Boneca de Louça pra ele, que fez vários comentários generosíssimos, só mesmo de quem me quer muito bem. Na época (1993) ele publicava ''Porta de academia'' no O POVO, me fez a surpresa de me dizer, minha filha leia hoje o jornal. Achei que não podia perder estas palavras, este carinho dele. Queria marcar esta minha ligação forte, e convidei a filha dele, não só por ser filha mas por ser quem é, a maior contista do Ceará, de uma sensibilidade finíssima, a Natércia Campos, para apresentar o livro. Dona Zezé (viúva do mestre) vai estar lá. 

OP - Estes retratos de mulheres, retratos não, que elas são tão vivas, respiram do nosso lado, enquanto lemos. Mas você as trouxe de uma época anterior, talvez histórias contadas por seus avós, seus pais, como naquela passagem de Orson Welles pela cidade... 

AG - Exatamente. Papai sempre comentou comigo o fato do Orson Welles em Fortaleza, que ele o via de longe, tinha vontade de se aproximar mas ficava constrangido. Então recuperei para o papai a figura do Orson Welles. Papai dizia que o Orson Welles sempre ia em direção à Praia de Iracema ver o pôr do sol, me ficou a idéia, eu pensava: o que ele veria no caminho? 

OP - Podemos falar das velhas, mulheres, moças e meninas de suas histórias, mas a cidade de Fortaleza é um personagem marcante nas narrativas. 
AG - Tenho um amor profundo por Fortaleza. Digo que sou um bicho meio raro, o fortalezense de muitas gerações é raro. De certa forma, este livro é também uma declaração de amor a Fortaleza de hoje mas sobretudo àquela que meus pais contam, a que meus avós contavam. aquela cidade mais amena. Fico com a consciência intranquila de ver a miséria, as crianças sem escola, na rua, este cinturão de pobreza e exclusão. Fico sonhando que Fortaleza pudesse se recuperar e ser uma cidade para todos e não para alguns. A Fortaleza daquela época tinha pobreza também, mas não tinha a miséria de hoje. 

OP - Você me disse que escreve com muito prazer. Esta satisfação entra em choque na hora de editar o livro? 
AG - A parte do sofrimento é esta, só em imaginar a gente já desiste. Tanto que este Avis Rara dormiu nas gavetas, todo despedaçado, fragmentado. Depois que juntei, ele ainda dormiu muito, você vê, o texto de Moreira Campos é de 93. A princípio mandei este texto para a Secretaria de Cultura, tentando um patrocínio pelas Leis de Incentivo à Cultura, demorou muito por lá. Depois fiquei muito desanimada porque soube, por outros artistas, que era constrangedor você colocar debaixo do braço aquele texto e procurar industriais, comerciantes, empresários para tentar a publicação. Não me dispus a isso, esta é a verdade. Cada dia se torna mais difícil publicar no Brasil, especialmente no Nordeste, no Ceará, mas a gente tem uma porta sempre aberta, que é a Coleção Alagadiço Novo, do doutor Martins Filho, o intelectual do século 20 no Ceará, um admirável exemplo. E ele acolheu com muito gosto o livro. As edições UFC são de excelente nível, podem competir com livros de qualquer editora. Agora, há o problema da divulgação e distribuição que uma editora universitária, realmente, não tem verbas para fazer. Mas, estando publicado na minha cidade, no meu Estado, me satisfaz. 
 

SERVIÇO 

Avis Rara - de Angela Gutiérrez. Coleção Alagadiço Novo, Edições UFC, 116 páginas. Ilustrações de Aldemir Martins (capa), Estrigas e Oswaldo Gutiérrez Filho. Noite de autógrafos hoje, 3 de outubro, às 20 horas, no Salão Nobre do Ideal Clube. Apresentação do livro pela escritora Natércia Campos. 
 
 

UM CONTO 
 

Pele de Cobra 
 

- Cómo pesa un muerto! - e deixou cair pelas estradas a pele que há tanto tempo a recobria. 

Quando era pequena, viu no sítio da avó uma pele de cobra largada no mato. 

- É pele de cobra, menina. A danada sai de dentro novinha feito menino nascendo. 

Ninguém a conhecia, ninguém conseguia ver sua pele de cobra, losangos de angústia e as compridas listas de medo. 

Até que, enfim, ltara a pele - cómo pesa un muerto! - que lentamente vinha desgrudando de seu corpo. 

Como Vênus surgida das águas, renasceu.