António José Maldonado

Êxodo
                  
 
Para onde partiram os camponeses, as aves
            e os peixes?
Deixaram os rios e as muralhas das flores
            desertas,
deixaram os sulcos e os destinos da Terra.
 
Já a cidade ferida em seu firmamento,
            quebrada em suas rugas,
ignora os lábios e os caminhos:
- boca desfeita sobre os muros de açucenas.
 
Uma grande cidade parada nos ossos
            do seu nome.
 
Que coisa este país, esta mão?
Um tumulto apenas de lâmpada ou de homem
            calando-se,
apenas o ruído do silêncio sobre o homem
como água correndo dentro duma sombra.
 
 
Do livro "Futuros ou Não" -  poemas - Porto, 1960
 
Remetente : Maria Alice Vila Fabião

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  20  de Março de 1998