Cláudio Alex

Quem é aquela mulher?

Deixe que eu te leve no sonho. No sonho que meu corpo embala, que a palavra cala, que o pensamento voa. Deixe que o calor te chegue infiltre em teus poros, erice teus pelos. Escute meus apelos, afague meus cabelos. Arranhe minha pele. Deixe essa fera, esse fogo aberto, essa mulher oculta, renasça em carne viva. Viva meu esforço, minha luta. Como me contorço, como me refaço, como que renasço. É que para mim existe algo diante do sonho. Existe uma mulher real, uma mulher que toco e que amo. Existe uma força suavemente macia que comprime meu peito, que me engole a boca que é meu próprio sangue, na minha própria magia. Existe uma mulher oculta, renegada, calada que me agarra e se integra comigo num único momento, num único organismo ofegante. Depois se cala e me renega. E já é outra que fala, que me expulsa do leito, que nega, que isola, que repudia. Quem é aquela nos momentos de entrega? Quem é aquela que comigo revira os lençóis? Quem é aquela mulher?


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