Almeida Garret

A Tempestade (1828)

Virgílio, Coeco carpitur igni
I Sobre um rochedo Que o mar batia, Triste gemia Um desgraçado, Terno amador. Já nem lhe caem Dos olhos lágrimas, Suspiros férvidos Apenas contam Seu triste amor. II Ondas, clamava o mísero, Ondas que assim bramais, Ouvi meus tristes ais! Horrível tempestade, Medonho furacão, Não é mais agitado Do que o meu coração, O vosso despregado, Horrisonoo bramar! Ancia que atropela Meu lânguido peito, É mais violenta Que o tempo desfeito, Que a onda encapela, Que a agita a tormenta No seio do mar. III Mas, ah! se o negrume O sol dissipara Calmara Seu nume, O horror do tufão. Assim à minha alma A calma Daria De Armia Um sorriso: Um raio de esp'rança Do paraíso Traria A bonança Ao meu coração.

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