José Maria do Amaral


Soneto

Passaste como a estrela matutina, Que se some na luz pura da aurora; Da vida só viveste aquela hora Em que a existência em flor luz sem neblina. Ver-te e perder-te! De tão triste sina Não passa a mágoa em mim, antes piora; Sem ver-te já, minha alma ainda te adora Em triste culto que a saudade ensina. Não vivo aqui; a vida em ti só ponho, Na fé, de Cristo filha, a dor abrigo, Futuro em ti no céu vejo risonho! Neste mundo, meu mundo é teu jazigo; Dizem que a vida é triste e falaz sonho, Se é sonho a vida, sonharei contigo.


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