Cirstina Areias


Rio de Janeiro

É de enfiar a mão na terra que se se contamina de paixão?... É de pisar descalço?... Olho pra minha cidade, com jeito mesmo, de cidadã, E não vejo, dela, a identidade... (Ao contrário do que o Gerardo falou) Não tem barro que palpite, em minha gente... Tem piche e cheiro de obra... Suor, queda e Hospital! Tem nome de vento, sim! É o Sudeste: Dono de chuva, mar zangado, Dizendo que quem manda é ele! Outro vento? Não sei, não! Só se for o que vejo e não sinto, Desgrenhando os cabelos dos miseráveis... Tinha rua com palmeira, Mas agora, não tem mais... Tem olhar de criança pedinte, que não vejo... Tem muita estrela no céu, que não vejo... Tem porto! Tem cais! Navio indo e vindo à toda hora! - Deve haver bússula pra tanta viagem - Mas eu não sei, não! Boi e cavalo? Nem pensar! E bode, que nunca vi?!!! Tem montanha, a minha cidade... Lua que rouba fôlego E, de vez em quando, uma flor... Tem luz e tanta janela! Tem Cristo iluminado! (Iluminai, Cristo! a identidade perdida de minha cidade!) Tem viajante, retirante, Mendigo, assaltante, Vadia... Chorinho, jeitinho, Samba, cerveja Minha terra tem preguiça Onde nem canta o sabiá...


* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *